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Patch Adams: ‘Ser amoroso faz bem para o sistema imunológico’

4/08/2015 07:08

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O médico, cuja história já foi contada no cinema, defende a alegria mesmo nos tratamentos mais dolorosos como forma de reforçar o sistema imunológico.

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Uma consulta com quatro horas de duração, na qual o paciente é indagado sobre seus hobbies, os detalhes de sua relação amorosa e até a maneira como beija seu companheiro. O médico quer saber como anda sua vida e, se para além dos problemas físicos, você está bem consigo mesmo. Durante o atendimento, as únicas regras são o amor e o cuidado com o outro. Essa “consulta dos sonhos” diz muito sobre a maneira como Patch Adams entende a Medicina. Interpretado no cinema pelo ator Robin Williams no filme “Patch Adams: o amor é contagioso,” o médico americano é famoso por adotar uma metodologia de trabalho voltada para a humanização da medicina.

Em visita ao Rio para uma palestra intitulada “A alegria do Cuidar”, o oncologista pediatra contou casos, criticou o sistema de saúde americano e a formação nas universidades mundo afora. Ele também pediu que os médicos usem a criatividade para universalizar o acesso à saúde.

“Você não pode se tornar um médico em poucos minutos. Decidi que passaria quatro horas com os novos pacientes. Você escolhe quem vai ser, e eu decidi ser criativo, carinhoso. Na história, nunca houve nenhum estudo mostrando que ser sério, violento e rude é bom. Milhares de artigos falam do valor de ser amoroso. É bom para o sistema imunológico”, contou Adams à plateia composta por diversas faixas etárias, lembrando que a imensa maioria de seus professores universitários eram arrogantes e tratavam mal os pacientes.

Com o cabelo metade branco e metade azul caindo pelas costas e trajando roupas extravagantes como as usadas pelos palhaços de circo, o médico pediu que os profissionais sejam criativos para promover o acesso à saúde de maneira igualitária.

“Quando vejo um médico que, em vez de querer ganhar muito dinheiro, quer trabalhar em uma favela, vejo que ele tem uma inspiração heroica. Se você se sente herói é muito difícil se esgotar. Se tivermos cuidado suficiente, não teremos guerra na humanidade. Como podemos dar um cuidado para alguém de uma favela da mesma maneira que é dado para alguém que mora na orla da praia? É necessário muita criatividade”, defendeu.

Nas horas em que se dedicou a falar ao público, ele fez rir e chorar, mas também sorriu e se emocionou. Patch Adams criticou o fato de os hospitais serem lugares tristes.

“Não há um único hospital feliz no mundo inteiro. E por quê?”, perguntou, aproveitando para convidar os presentes para uma “revolução” enquanto comentava a situação da saúde em seu próprio país. “O sistema de saúde dos Estados Unidos é uma vergonha. Os planos dão ordem aos médicos. Como podemos, assim, ter um hospital onde o amor faça parte do contexto?”.

O espaço reservado para o amor no ambiente hospitalar também é uma preocupação no Instituto Nacional do Câncer (INCA), referência no tratamento da doença no Brasil. Com uma área dedicada aos programas de voluntariado, o Instituto aposta na atenção e no carinho como agentes potencializadores da recuperação dos pacientes, como explica Angélica Nasser, supervisora do INCAvoluntário, presente na palestra de Patch Adams.

“A humanização é fundamental para levar a casa ao hospital. A gente tenta comemorar datas como o Dia das Crianças. É uma forma de integrar a equipe médica, os voluntários e os pacientes. Para estes últimos, isso é fundamental, já que muitos chegam com medo do tratamento. Esse contato é como um renascimento”, analisa.

A explicação para que os pacientes se sintam mais felizes, mesmo em situações de sofrimento, segundo Patch Adams, é simples. “O mundo inteiro é seu quando se tem amor”, finaliza.

Fonte: O Globo

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